Não é surpresa para ninguém que transformar comidas corriqueiras em gourmet virou moda e, por isso, muito empreendedores querem aderir a tendência para ter um negócio mais rentável nesse nicho de mercado. Mas, se você apenas diminui o tamanho do seu produto e triplica o preço, aproveitando o “valor agregado” de se denominar gourmet, pode estar seguindo um caminho sem volta contra a credibilidade da empresa junto ao consumidor.
Por definição, gourmet é um ideal cultural associado com a arte culinária da boa comida e bebida, de “alta cozinha”. Se um restaurante diz-se gourmet, implica que é de alta qualidade e está reservado a paladares mais avançados e a experiências gastronômicas mais elaboradas. A sofisticação do prato ou produto diferencia essa categoria da comida comum.
De origem francesa, o termo é difundido em diversos idiomas e, embora seu conceito seja amplo, quando se trata de produção, se define como produto de design exclusivo e arrojado, com características únicas, e geralmente intitulado como produto de posicionamento "premium", produtos diferenciados. Atinge desde os produtos mais caros e tradicionalmente requintados, como o foie gras e o caviar, como também alimentos mais populares, como hambúrgueres, brigadeiros e coxinhas, por exemplo.
Segundo o coordenador do MBA em Negócios da Gastronomia da Universidade Anhembi Morumbi, Mário Oliveira, “chegar nesse desenvolvimento gastronômico foi uma consequência do aumento da renda, que fez com que as pessoas consumissem outras coisas e buscassem maior qualificação. E aí alguém inventa uma palavra: gourmet". Para ele, a utilização do termo é complexo, pois está associado ao fenômeno da “gourmetização” - a utilização de forma ampla de um significado original que se referia a especialistas em gastronomia.
De forma errada, o termo vem sendo usado em excesso e muitas vezes com alimentos que não merecem se encaixar nesta definição. É preciso entender que não adianta apenas rotular o produto se você não tem a intenção de investir em algumas estratégias que irão diferenciar o produto comum do sofisticado. A adequação envolve elaboração e apresentação do produto, qualidade dos ingredientes empregados, embalagem e outros aspectos. O cliente precisa ter a percepção de que os pratos oferecidos no seu cardápio “gourmet” são diferenciados e têm valor.
Se você está disposto a ter um empreendimento gourmet, leia atentamente as dicas que damos a seguir. A ideia é oferecer pratos ou hábitos alimentares conhecidos com aplicação de preparo, técnica e apresentação usados na alta gastronomia. Acompanhe:
Adapte algo que você domina e de que você gosta muito para que tenha referências e parâmetros, além da relação afetiva que é bem relevante para o negócio. Enxergue seu negócio como uma forma de contribuição para o bem estar das pessoas, um estilo de vida, algo que vai além da relação comercial.
Pesquise o mercado em volta e analise possíveis demandas a serem sanadas por seu negócio. Já pensou corresponder a uma necessidade pessoal que pode corresponder a de outras pessoas também? Com um estudo de concorrência se torna mais fácil ter um diferencial para se sobressair, tanto em relação ao produto entregue quanto a acessibilidade de preço cobrado. Viaje, conheça outros lugares e esteja atento ao que desperta sua atenção e curiosidade, veja o que é tendência, chama atenção, é foco de indicação e consumo. Tente ver o comum como uma forma de reinventar com um tratamento gourmet.
A utilização de produtos que são usados em cozinhas de alta gastronomia dão um sabor inesquecível quando utilizados no ítem “comum” do seu cardápio. Um cachorro quente levar trufa ou uma salada preparada com folhas, amêndoas e morango mostra ao cliente que novidades estão sendo preparadas para seu apreço e, ainda que ele repita a escolha em outra visita, não irá enjoar pois está sendo oferecido algo que não se pode encontrar em outro lugar. Pelo menos não da mesma forma!
Uma das premissas mais valiosas para esse negócio é saber que “menos é mais” - simples, mas saboroso! A ideia é envolver os melhores ingredientes em um produto tido como comum e, se preciso for, desconsiderar fazer o que compromete a qualidade em detrimento do que garantirá a fidelização do cliente: perceber que trata-se de uma produção pensada e preparada com afinco. A gourmetização não se aplica a produção de indústria pensada com uma praticidade que alcança os congelados em grande demanda, mas corresponde a entregar ao cliente algo saboroso e recém-preparado.
O serviço e atendimento precisa ser muito bom. Os funcionários precisam saber o que estão vendendo e interagir de forma que aproxime o cliente daquilo que vai além de uma marca e alcança um conceito. Se possível, se envolva pessoalmente no treinamento, para que se construa uma coesão do que é transmitido ao cliente. Defina funções como enrolar massas, confeitar, abrir forminhas… pense em cada detalhe para que tudo saia original, porém, com o padrão de qualidade.
Mesmo que a principal característica dos alimentos gourmet seja a qualidade dos ingredientes, investir no visual chama atenção para a existência de algo diferente e minuciosamente pensado ali. Pode ser um simples toque especial de cores e criatividade em embalagens que costumam ser simples e sem graça mas com nova roupagem transmitirá a fuga do padrão, oferecendo uma experiência prazerosa ao consumidor. A ideia do gourmet nos remete a um alimento feito com ingredientes mais frescos ou algo fora do comum, com um toque sofisticado e ao mesmo tempo em uma produção artesanal e cercada de cuidados. Se na hora de servi-lo você não prestar atenção na apresentação do prato, todos os aspectos citados irão por água abaixo e seu cliente talvez não fique satisfeito em pagar um valor diferenciado por um lanche comum. O cliente primeiro “come com os olhos”, e depois efetivamente degusta o alimento.
Ofereça uma nova experiência para o cliente que, ao saber “gourmet”, espera por algo necessariamente artesanal, que surpreenda, diferente do que se come em casa. A ideia é que os produtos continuem democráticos, mas as pessoas possam ter acesso também a produtos de excelente qualidade, que transmita a ideia de conforto. O consumidor gosta de sentir-se especial por estar comendo algo exclusivamente preparado para poucos. Valorize esta informação na sua comunicação.
Se você já atua na área gastronômica, é interessante analisar a possibilidade de incluir opções gourmets em seu cardápio, agregando valor ao seu estabelecimento e com isso incrementando suas vendas frente a concorrência. Pense que ao inserir um prato ou produto gourmet em seu rol de produtos, você deve ter o principal objetivo de proporcionar ao cliente uma experiência única e satisfatória, e para isso, qualidade e diferenciação são elementos básicos.
Esperamos que as dicas sejam de grande valia e desejamos que você inove e empreenda com responsabilidade e dedicação. Qual o produto que você gourmetiza ou deseja goumertizar? compartilha com a gente!
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